DIÁRIO DE UM OPERADO, PARTE 1

28-02-2011 03:54

 

        É difícil para um homem como eu admitir que aquilo que tenho no meio das pernas não funciona direito. Sempre o usei com dedicação e afinco e o desempenho por vezes era bem comentado.

        A decisão de operar não foi fácil; foi preciso preparar bem o psicológico, mas como eu já havia adiado bastante, resolvi marcar de uma vez: 23 de fevereiro de 2011 seria o dia.

        Feita a cirurgia, senti-me enfim uma verdadeira mulher, com a região operada depilada e um corte no meio da perna, passei a urinar sentado com certa dificuldade pra me acostumar, sem falar no susto da 1ª vez. A anestesia geral da cirurgia, aquela tipo cesariana, gera uma forte retenção urinária, ou seja, você quer fazer e não consegue: é uma espécie de prisão de ventre na bexiga. A constante ameaça das enfermeiras de introduzir uma sonda, se necessário for para urinar, é um potente diurético que, no mínimo, faz o que parece morto começar a gotejar.

        Já em casa, o fato de necessitar ficar todo o tempo na mesma posição, sem poder virar, é bastante agonizante e doloroso, principalmente para as costas. Por não poder ficar de pé, o banho acaba sendo prejudicado restringindo a ida ao banho só em caso de uma necessidade bem específica a qual não se precisa mencionar, cumprindo assim um aproveitamento de missão.

        Outra coisa bem incômoda é a numerologia que acompanha os remédios: um de 12h / 12h, outro de 6h / 6h, e outro de 8h / 8h, às vezes é preciso fazer m.m.c. pra não coincidir os horários, colocar pra despertar o celular pra não esquecer, sem falar nos períodos em que se deve alternar com gelo no local para desinchar.

        Por falar em despertar, sonho sem dormir em poder despertar de uma noite de sono novamente; já explico: desde a cirurgia, com as dores e com o mau jeito estou sem dormir, resumindo o descanso a pequenos momentos de cochilo de uns 20 minutos no máximo, de vez em quando.

        Mas não podia terminar esse relato sem agradecer àquela que tem cuidado de mim com tanta dedicação e carinho, que não reclama de nenhuma das minhas grosserias, pela falta de paciência, pela TV ligada durante a madrugada, pelo resmungo de dor, por atender cada um dos meus pedidos etc. sem ela eu não teria condição alguma de passar por isso. E olha que ela é uma das grandes prejudicadas, afinal de contas, com essa minha terceira cirurgia no joelho, não só o futebol outrora valorizado fica prejudicado, mas também não poderei exercer plenamente minhas obrigações em casa, como cortar grama, trocar o bujão de gás, lavar o carro, essas coisas...

        São só alguns dias... Obrigado meu amor... eu vou sobreviver... 

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