ótimo texto, sabe tudo de português esse Janderson!!!
A PRIMEIRA VEZ
Finalmente chegou o dia da nossa primeira vez. Depois de tantos meses de espera não sabia como reagiria a esse encontro. Tentei esconder o nervosismo, mas não parava de olhar o relógio, contava os intervalos de dez em dez minutos, depois de cinco em cinco até chegar a três em três minutos. Nosso encontro fora marcado meio que inesperadamente, mas assim que pareceu inevitável uma ansiedade enorme tomou conta de mim.
Não quis colocar minha melhor roupa, embora a ocasião fosse propícia, procurei uma roupa simples que tivesse mais a ver comigo, a mesma calça jeans de sempre, um tênis mais ou menos surrado e uma camisa branca que gosto muito, queria que ela me visse como realmente eu sou.
Já se passavam das 22 horas quando, naquele sábado de 23 de outubro, que tinha sido tão claro e belo durante todo o dia, começava a romper-se em meio a raios e trovões, vento forte e chuva densa que insistia em cair sem tréguas. Não seria o tempo mais apropriado para sua chegada, exceto pela minha convicção de que ela viria e chegaria logo. Confirmado por uma amiga que coincidentemente estava no mesmo lugar marcado para nosso encontro e que informou dizendo que ela dera um recado de que estava para chegar a qualquer momento. Esta amiga acompanhara nosso relacionamento, mesmo que a distância, e dava-me certa segurança saber que ela estava ali por perto nesse dia tão importante.
No inesperado esperado ela surgiu, linda, fazendo barulho como se dissesse não só para mim, mas para o mundo inteiro que acabara de chegar. Suas pequenas mãos estavam enrugadas de frio como se houvesse pegado toda aquela chuva. Seus belos cabelos tão lisos e negros também estavam umedecidos, senti uma sensação difícil de descrever ao abraçá-la, como se meu coração fosse saltar pela garganta.
Passada a euforia daquele primeiro momento fomos para um lugar mais reservado, estava quentinho e ela ali já não sentiria mais frio. Tinha uma pele extremamente macia, comparável a mais preciosa das sedas, estava eu agora a admirar cada detalhe de sua “morenidade”, magrinha, pequena no tamanho, mas graciosa em beleza e perfeição. Seus olhos negros pareciam ter sido projetados para combinar com os cabelos, eram grandes, muito grandes e profundos, por certo seu maior destaque; podia facilmente ver meu reflexo no brilho tão intenso dos olhos seus.
Envolvi-a em meus braços e finalmente a beijei. Nesse momento tive a feliz sensação de que ela era minha e seria minha para sempre. Eu não cansava de contemplá-la, de cima em baixo eu observava cada um dos seus gestos – eram suaves – o balançar de suas mãos e pernas por si só diziam-me alguma coisa que eu não sabia ainda decodificar.
Estávamos bem a vontade um com o outro, quando ela subitamente colocou um dedo na sua boca como que para me provocar, e bem que conseguiu; fiquei embaraçado e não sabia o que fazer. Ela ficou inquieta e mexia-se de maneira que suas roupas saiam e seu corpo ficava amostra. Meu reflexo foi o de cobri-la e até o dedo de sua boca quis tirar, mas foi em vão. Vi que não tinha mais jeito e teria que tomar uma providência, ela me olhava intensamente como se me pedisse para que eu agisse.
Não esperei mais... Fui até a enfermaria e disse que a minha filhinha que acabara de nascer deveria estar com muita fome, pois já estava comendo os dedos. Quis saber também por que ela ficara tanto tempo comigo sem uma ajuda profissional.
Informou-me nossa amiga, a Doutora cuja gravidez de minha esposa acompanhara e que por coincidência estava de plantão naquele sábado, que minha esposa havia tido um sangramento sério e eles estiveram empenhados na contensão da hemorragia, mas já estava tudo resolvido e em minutos Mariana, minha linda filha, poderia mamar e assim ser alimentada pela primeira vez.
Tópico: A PRIMEIRA VEZ
Data: 16-03-2011
Assunto: quando eu crescer... rs
Como sempre, meu amigo, usou sabiamente as palavras. Quem não conhece até cai na ambiguidade feita propositalmente. É por isso q te admiro e digo: Quando crescer, quero escrever como você.
Parabens..
bjs