DIÁRIO DE UM OPERADO, NOVA FASE, PARTE 1

18-03-2011 20:31

 

– Quer carona?

(– Não, estou aqui fora para as muletas pegarem um sol, porque estavam ficando com cheiro de guardado dentro de casa, apesar de serem de alumínio. Faço isso às 8 h 30 min porque depois o sol fica muito forte e dá câncer de muleta, eu tô aqui só pra ficar de olho pra ninguém roubá-las.)

Ou então,

(– Não, estou aqui fazendo ponto, com essa tala e as muletas, já ouviu falar no canguru perneta? Pois é, ofereço o serviço.)

Eu só pensei em responder assim, mas consegui me segurar, é que ando meio irritadiço e tinha sido um pouco difícil chegar até a esquina de casa.

Não existe tempo ruim quando se trata de dar assistência a um(a) amigo(a). Fico sempre satisfeito quando posso ajudar alguém, não importa com o que nem a que horas seja; entretanto, quando é para mim, confesso ter certa dificuldade em usufruir do favor. Não gosto de incomodar em hipótese alguma, mas minha atual situação não me permite muita escolha.

Consigo no máximo um revezamento antimolestação entre os muitos amigos solícitos aos quais eu sinceramente agradeço a disposição em me socorrer tantas vezes nos últimos dias: Levar para o hospital, buscar do hospital, levar e trazer da consulta, levar minha família para a igreja, levar no mercado; ou mesmo aos que simplesmente me visitaram, obrigado.

Estava indo para a fisioterapia, uma vez que já fora liberado pelo ortopedista para começar essa nova fase no tratamento, mas não queria pedir pra ninguém vir me buscar; quis aproveitar o fato de morar bem próximo ao trabalho, onde também faria a fisio e aproveitar algum colega ou vizinho que estivesse indo pra lá. Não demorou muito e logo consegui uma carona, não sem antes quase cair ao acenar para um colega que apenas passou buzinando – o que será que ele pensou que eu fazia ali? – E outro que apenas parou para perguntar se ainda havia vaga para estudar comigo. Será que se ainda tivesse vaga ele me ofereceria carona? Enfim... Finalmente alguém parou e me levou até o posto médico onde eu faria a fisioterapia.

Minha médica começou preenchendo minha ficha com as novas informações – se fosse uma ficha criminal eu certamente pegaria muitos anos de prisão, de tanto que já havia anotado ali. As medidas me assustaram um pouco: eu já percebera, mas quando ela mediu minhas pernas vi quantos centímetros eu já perdi de massa muscular, as duas afinaram muito, mas a operada mais parece um braço de tão fina.

Já com a mão na massa, minha fisioterapeuta me ajudou a chegar aos 88º de dobradura e 0º de extensão (dobrar e esticar a perna, respectivamente), e me ajudou a andar com apenas uma muleta (como isso é difícil); foi uma sessão leve, pra começar. O ruim disso é que perdi a oportunidade que eu mais esperava: voltar a utilizar o “interferencial”: um aparelho que libera ondas elétricas tipo um choquinho, isso é ótimo. A questão é que os outros pacientes utilizam esse aparelho geralmente até a metade de sua potência e quando fica forte para eles, ali é o ponto, e ficam no tempo determinado para a sessão.

Acontece que nas outras vezes que operei usei tanto o aparelho que o colocava na potência máxima e ele já não estava forte o suficiente pra mim, mas a sensação era tão boa, como eu gostava daquela vibração na perna. Agora a fisioterapeuta disse que só irá usá-lo quando realmente precisar, quando a sessão for mais puxada. Agora estou esperando a nova sessão e espero que doa o suficiente dessa vez... Acho que vou a pé, na próxima...

 

 

 

DIÁRIO DE UM OPERADO, NOVA FASE, PARTE 1

Data: 21-03-2011

De: Angélica Pivetta

Assunto: uso do interferencial

Tá bom, já que quer tanto usar o interferencial, assim que o médico liberar vamos fazer uma sessão bem ´´puxada´´ e aí usá-lo ehehe.

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