Caro ROBERT:
O Professor ANTONIO, pelo sofrimento que passou na Europa antes de fugir para a Inglaterra, e mais tarde para o Brasil, sempre levou consigo esse trauma de guerra.
Com todos os alunos ele era ríspido e rigoroso, mas possuía um coração muito grande. Fui várias vezes repreendido por ele por não conseguir decorar as suas lições de PSICOLOGIA E LÓGICA por coisa se somenos importância. Na aula seguinte ele vinha falar comigo como se não tivesse acontecido nada ...
Disseram-me que gritava com a esposa e a filha diante do público. Vi-o certa vez passar uma descompostura numa aluna que chegou atrasada à aula e a mesma chegou a chorar. Foi embora em lágrimas e nunca mais voltou ao Colégio Instituto Filadélfia. Até hoje me lembro do nome dela: ROSALINA.
Portanto, não é a sua ascendência germânica que o parecia fazer antipático, mas sim a tragédia da guerra no passado do Professor ANTONIO.
Nos seus últimos anos de vida ele ficou sem memória e o vi sentado na varanda de sua casa onde ficava o dia todo, mudo. Não falava nem com os familiares. O olhar ficava parado e não respondia ao meu cumprimento.
Data: 04-01-2013